Tema interpretado pelos hazzanim Naftali Herstik, Benzion Miller e Alberto Mizrahi na Sinagoga Portuguesa de Amesterdão - a Esnoga.
Tema interpretado pelos hazzanim Naftali Herstik, Benzion Miller e Alberto Mizrahi na Sinagoga Portuguesa de Amesterdão - a Esnoga.
A Sinagoga de Ben-Ezra, por vezes conhecida como sinagoga El-Guenizah, está situada no distrito de Fustat no Egipto, mais concretamente no Cairo cóptico. Para além de ser a mais antiga sinagoga egípcia, é também caracterizada pela fusão entre uma arquitectura cristã com arabescos islâmicos e ornamentos judaicos. A sua história é também ela uma fusão: entre realidade e lenda. Por exemplo; diz a lenda que é o local onde a cesta com o profeta Moisés foi recolhida das águas.
Sob o reino do rei babilónio Nabuchadnezzar II, os Judeus retornados ao país guiados pelo profeta Jeremias, encontraram acidentalmente vestígios de Moisés, e lá, muito perto da cidade de Guizeh, criaram uma sinagoga com o nome “Jeremias”. Dentro deste santuário foi edificado um lugar especial chamado Guenizah onde um rolo de uma Torah incompleta atribuído a Ezra Sofer (Ezra, o Escriba), foi enterrado.
Em várias obras, muitos historiadores citam a sinagoga como situada nestas paragens. Um deles, Benjamin de Tudèle, vindo de Espanha em 1169 escreve no seu livro escrito (em 1170) que visitou a sinagoga num lugar chamada Antiga Cairo e que lá, descobriu o rolo da Torah de Ezra, o Escriba. Outro historiador, o famoso historiador judeu italiano Jacob de Vittelina, chegado ao Egipto antes do anterior faz alusão a esta sinagoga. Um terceiro, Rabbi Yosef relata na sua obra redigida em 1630 que a inscrição original de Sambar à Universidade de Bodelaine (Oxford) contém várias referências relativas à sinagoga de Ben-Ezra da Antiga Cairo. Entre estas referências, há uma passagem assinalada na obra “Khetat” do historiador El-Makrizi que viveu no século XIV:
«Durante a minha visita à sinagoga da Antiga Cairo, encontrei do lado do sul um lugar onde vários séculos anteriormente, o antigo Sefer Torah de Ezra, o Escriba foi depositado».
O Dr. Salomon Schechter da Universidade da Columbia, chegado ao Egipto no tempo de Lorde Cromer, apoiou os relatórios precedentes a respeito da sinagoga.
Aquando da invasão do Egipto pelos Romanos (Ano 30 antes da Era Comum), os invasores destruíram a sinagoga do profeta Jeremias. No ano 641, Amr Ibn Al-Ás, o grande general árabe, venceu os Romanos na Babilónia e restituiu aos seus proprietários os bens usurpados pelos Romanos. Os Coptas reclamaram então o terreno sobre o qual tinha sido edificada a antiga sinagoga de Jeremias, justificando a sua queixa pelo facto de Jeremias ser citado no Novo Testamento como um dos seus profetas. Como eram mais numerosos que os judeus, tiveram êxito a convencer Amr Ibn Al-Ás e o terreno foi-lhes atribuído. Sobre este mesmo terreno, os Coptas construíram então uma igreja que o historiador El-Makrizi chama na sua obra a Igreja do Anjo Gabriel. Quanto aos outros historiadores, referem-se chamando-o Igreja de São Miguel. O Dr. Richard Gotheil da Universidade de Columbia e o professor William Worell da Universidade de Michigan, na sua obra “Cairo” reportam que a Igreja foi destruída pelo califa fatímida El-Hakim BI Amr-Ellah.
Em 868, Ahmed Ebn Touloun, governador do Egipto, impôs ao Coptas um tributo anual de 20.000 dinares de ouro.
No ano 1115, o Grão-Rabino Abraham Ibn Ezra viajou de Jerusalém ao Egipto. Dirigiu-se às altas patentes estatais e fez-lhes saber que estava a par da história da sinagoga afirmando direito de possessão do terreno. Seguidamente interveio junto do Patriarca Alexandre 56 dizendo-lhe que a sinagoga devia ser restituída aos Judeus. O Patriarca respondeu que o governador reclamaria o tributo anual de 20.000 dinares. Por último, foi decretado que a sinagoga era restituída aos Judeus quando o tributo fosse vertido. Ben-Ezra (correspondente hebraico para Ibn Ezra) reconstrói então a sinagoga que tem ainda hoje o seu nome.
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Em baixo poderá ver fotos da Sinagoga Ben-Ezra, gentilmente cedidas pelo Dr. Joshua Ruah:
Para ver em pormenor basta clicar nas fotos
a ler também neste blog: A GUENIZAH DO CAIRO
Entrada para a Sinagoga Bevis Marks, Londres
Foto: Jornal "THE GUARDIAN"
De acordo com Alfred A. Zara, da Foundation for the Advanced Sephardic Studies & Culture, não existem registos de judeus na Grã-Bretanha durante o período Românico, ao contrário da Península Ibérica, França e Alemanha. Os primeiros judeus chegaram depois da Conquista Normanda em 1066. Após a conquista, Guilherme da Normandia convidou judeus financeiros de Rouen a se estabelecerem em Inglaterra.
Prosperaram em Inglaterra, principalmente no negócio dos empréstimos, facto que mais tarde ditou a sua condição de “indesejados” por se tornarem alvo de preconceito por parte de alguns Nobres, seus principais devedores. Essa condição resultou na sua expulsão em 1290.
Depois da expulsão dos Judeus de Espanha em 1492 e de Portugal em 1497, e do estabelecimento da Inquisição, um grupo de judeus mercadores portugueses, ostensivamente católicos, mas consistentemente marranos (muitos dos quais prontos para retornar ao Judaísmo), estabeleceu-se em Inglaterra.
Em 1656, o Rabino Menasseh ben Israel de Amsterdão fez uma visita a Inglaterra para tentar persuadir o Governo Inglês a autorizar os judeus a se estabelecerem uma vez mais em solo britânico. Foi então que conheceu Oliver Cromwell, que se dispunha favorável à ideia. Após a deliberação da comissão reguladora, relativamente à questão, foi anunciado que o Decreto de Expulsão de 1290 já não tinha relevância.
Seguidamente, os mercadores portugueses “criaram” uma sinagoga numa habitação, e retornaram abertamente ao Judaísmo. O Rabino Menasseh oficiou numa ocasião um serviço religioso. A comunidade judaica é assim estabelecida na Inglaterra pelos judeus sefarditas, facto que, ao longo dos anos atraiu muitos marranos de Espanha e Portugal, fugidos das Inquisição.
Muitos destes mercadores portugueses eram bem sucedidos e atingiram posições proeminentes na sociedade britânica. A comunidade sefardita prosperou e construiu a sua primeira sinagoga em Bevis Marks (Londres), no ano de 1701.
Refugiados judeus ashkenazitas da Polónia e Alemanha foram ajudados pelos sefarditas a emigrarem para a Grã-Bretanha. Ainda assim, em número pouco expressivo, pelo que os sefarditas permaneceram como a maior comunidade por mais de 100 anos. Nas suas actas ficaram registados variados nomes de famílias de origem Ibérica, tais como: Montefiore, Lindo, Disraeli, Mocatta, Da Costa, etc.
Somente no século XIX, após uma gigantesca vaga de refugiados polacos e da Europa de leste, a composição demográfica da comunidade judaica britânica foi alterada e famílias ashkenazitas, tais como os Rothschilds, se tornaram proeminentes. Os judeus sefarditas continuaram a exercer cargos de grande importância na sociedade britânica, mas foram largamente ultrapassados em número, pelo elevado fluxo de emigrantes ashkenazitas que então aí se fixaram.
Por volta de 1912, um novo fluxo demográfico de judeus sefarditas chegou à ilha, desta vez desde a Turquia e Grécia, principalmente Salónica. Devido ao declínio do Império Otomano e o controlo de Salónica pelos gregos, ocorre um enorme êxodo sefardita, com muitos partindo para os Estados Unidos da América, França e Inglaterra. Aqueles que chegaram a Inglaterra criaram uma nova comunidade separada da Bevis Marks, aceitando no entanto, autoridade da mais antiga.
Com a ajuda da Sinagoga Bevis Marks e da Fundação David Sassoon, a comunidade Oriental conseguiu construir a sua própria sinagoga em Holland Park (Londres) no ano de 1928. Embora ambas as comunidades tivessem nas suas origens os Judeus de Espanha e Portugal, foi a Sinagoga Holland Park que manteve a sua herança histórica com idioma Judeo-Espanhol e o Ladino. A Sinagoga Bevis Marks tinha as suas origens quase exclusivamente na língua portuguesa, em vez do Ladino.
Hoje, haverão cerca de 10 sinagogas sefarditas na Grã-Bretanha com uma forte vida comunitária, grande parte delas situadas em Londres, mas a Bevis Marks continua a ser a sinagoga sefardita “per se”.
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Em baixo, poderá ver a imagem de um Siddur (livro de rezas) utilizado em 8 de Março de 1841 na Sinagoga Bevis Marks, que serviu para comemorar o êxito que assistiu Sir Moses Montefiore na sua missão ao Leste:
Para ver em pormenor basta clicar nas fotos