Sábado, 25 de Setembro de 2010

No primeiro dia tomareis para vós o fruto de árvores formosas, folhas de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso D'us por sete dias. E celebrá-la-eis como festa ao Senhor por sete dias cada ano; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis.  Por sete dias habitareis em tendas de ramos; todos os naturais em Israel habitarão em tendas de ramos - Vayicrá 23:40-43

 

O livro de Levítico fala-nos das 4 espécies - arbaá minim - a ser usadas na observância da festividade de Sucot, a festa das cabanas.

 

 

 

 

São usadas todos os dias em que se celebra a festividade com a excepção do dia de Shabat. As 4 espécies são: etrog (uma fruta cítrica peculiar) , lulav (folha de palmeira), hadassim (ramos de murta), aravá (ramo de salgueiro).

 

Os antigos Sábios relacionaram variados significados para cada uma das espécies. Foram ligadas a características humanas: generosidade, orgulho, beleza e humildade, respectivamente. Outros insistiram que as 4 espécies representam os quatro elementos da natureza - terra, ar, fogo e água.  E outros ainda, ligaram os mesmos simbolicamente a partes do corpo humano. O etrog, de forma relativamente parecida ao coração, simboliza o serviço a D'us. O lulav, representa a espinha, a fundação do corpo. Os hadassim, assemelham-se ao olho humano. E aravá simboliza os lábios, com os quais  podemos orar e dar graças.

 

Até em cada fragrância e sabor das espécies, foram dados significados "ocultos" que representariam o carácter das pessoas. O etrog, bonito em forma e de agradável odor é equiparado a alguém justo e inteligente. O lulav, que tem fruto mas não tem odor, assemelha-se a quem é culto mas lhe faltam as boas acções. Os hadassim, possuem odor mas sem fruto, são comparados alguém justo mas sem educação. E aravá, sem fruto ou sabor, representa aqueles que permanecem sem educação e sem boas acções.

 

Maimonides, no seu "Guia dos Perplexos", destaca que D'us comandou os Israelitas de pegar nestas 4 espécies durante o festival, para lembrá-los que foram trazidos do deserto, onde nenhuma fruta crescia e nenhum povo vivia, para uma terra com água - a terra onde flui leite e mel. Por esta razão D'us comandou os Judeus de segurar nas suas mãos o precioso fruto da terra, enquanto cantam salmos de agradecimento a quem lhes trouxe milagres em tempos antigos durante esta mesma estação. Tempos de alegria e épocas de contentamento para todos...

 

Moadim l’simcha, chagim u’zemanim l'ssasson


sinto-me:

publicado por Marco Moreira às 23:36
Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010

 

2010 © Brian Lasky - Escolhendo um Lulav em Mea Shearim, Jerusalém

(Foto tirada há dois dias)



publicado por Marco Moreira às 13:33
Domingo, 23 de Maio de 2010

 

Quem já visitou a cidade de Praga na República Checa certamente se deparou com uma estranha inscrição encontrada no famoso crucifixo da Ponte Carlos. Estranha porque não está escrita em latim, grego ou mesmo checo, mas sim em hebraico! Trata-se de um dos mais conhecidos episódios de tensão entre a Igreja Cristã e a comunidade judaica local.

 

Entre 1693 e 1700, tiveram lugar em Praga três julgamentos, conduzidos pelas altas autoridades do Estado e da Igreja. No primeiro, Elias Backoffen, um proeminente representante da comunidade judaica, foi julgado no Tribunal de Appelattus sob a acusação de blasfémia contra a Santa Cruz, que alegadamente teria feito através de uma carta codificada enviada a um amigo.

 

Depois de onze meses de procedimentos burocráticos, Backoffen foi considerado culpado e multado em 20 de Março de 1694, apesar do teor da carta nunca ter sido "descodificado". Ainda assim, o tribunal insistiu no seu carácter herético, descoberto através de uma "especial revelação do Todo-Poderoso". A multa seria usada para financiar a inscrição de letras douradas em caracteres hebraicos onde se lia: "Santo, Santo, Santo é o Senhor das Hostes" sob o corpo de Jesus no crucifixo - a frase é dita num dos momentos mais solenes da prece colectiva judaica durante os serviços religiosos: a Kedushá. A inscrição era uma simbólica humilhação e degradação dos Judeus de Praga uma vez que as palavras serviam para reverenciar o Deus Único de Israel e não o messias cristão.

 

A condenação de Backhoffen coincidiu com o início da investigação do caso Simon Abeles, um rapaz Judeu que, no Verão de 1693 teria fugido de casa e pedido que o baptizassem. Secretamente confiado aos cuidados de um Judeu convertido ao cristianismo, o rapaz foi então enviado para o Colégio de São Clemente onde os Jesuítas o prepararam para o baptismo. Entretanto o seu pai Lazar Abeles encontrou-o e levou-o de volta para casa. Os Jesuítas não levantaram qualquer objecção uma vez que o rapaz havia sido negligente no catecismo. Mais tarde se soube que a razão que levara o jovem Simon a procurar o baptismo não era de cariz teológica, mas sim fugir de um pai violento que se afastara dos mais básicos valores de amor paternal. Com o seu regresso, Simon continua a ser maltratado pelo pai regularmente.  Em 21 de Fevereiro de 1694 Simon é severamente espancado pelo seu pai e outro familiar de seu nome Lobl Kurtzhandel. A dada altura sofre uma pancada tão forte que cai desamparado e parte o pescoço. Os dois homens tentam esconder o trágico desfecho enterrando o corpo do rapaz.

 

Depois de encontrado, as autoridades ordenam a autópsia do jovem Simon e prendem seu pai, sua mãe Leah e o cozinheiro da família. Um informador acusa os três de envenenamento do rapaz que mais tarde se vem a provar não ser a causa de morte. Entretanto, Lazar Abeles enforca-se de forma a fugir à habitual tortura, deixando Lobl Kurtzhandel como único arguido a enfrentar o tribunal. Procedimentos inquisitoriais foram seguidamente orquestrados pelos Jesuítas que aparentemente tencionavam tirar partido do caso para fins religiosos, nomeadamente a beatificação do rapaz.

 

Sob pressão, o Tribunal de Appellatus fabrica a acusação de homicidio premeditado por ódio à Fé Cristã. Em 31 de Março de 1694, Simon Abeles é enterrado com honras de mártir, com grande pompa e circunstância por parte da Igreja de Nossa Senhora de Tyn em Praga.

 

Kurtzhandel é condenado a ser espancado até à morte na Roda de tortura e é executado a 16 de Outubro de 1694. Antes da sua morte confessou publicamente o homicidio, mas não a sua premeditação assim como um hipotético cariz religioso, apesar desta ser a única saída dada pelo tribunal para a não execução da pena. A tortura que sofreu antes da estocada final só terminou quando este aceitou ser baptizado.

 

Um terceiro caso famoso foi o da judia Juttel Gunzburg. Em 08 de Abril de 1699 dois homens degolam a mulher levando consigo jóias de sua pertença. O corpo é lançado ao Rio Vltava. Em 14 de Maio de 1699, o Tribunal de Appellatus sentencia Johann Fitzthum (estudante) a decapitação e o padre Johann Wunderlich a uma vida de clausura num mosteiro. O público, com base em sentimentos anti-Judaicos, pediu a sua libertação. Violentos distúrbios provocados por estudantes colegas de Fitzthum levaram ao adiamento execução até 29 de Outubro do ano seguinte.



publicado por Marco Moreira às 17:25
Quarta-feira, 04 de Novembro de 2009

 

Enquanto Judeu, um crucifixo "não me aquece, nem me arrefece". Não o vejo como símbolo de terror do passado inquisitorial da Igreja, nem como símbolo de salvação teológica. Vejo-o sim como um símbolo importantíssimo para um grupo religioso chamado Cristãos.

 

Somente a estes o símbolo poderá ter importância particular relevante. No caso, este será um símbolo de gratidão e de lembrança pelo martírio daquele que os Cristãos entendem por Salvador.

 

Pessoalmente, a única importância que reservo a este símbolo é que, como todos os outros símbolos religiosos, é ele próprio um símbolo de liberdade religiosa e de tolerância entre as nações. Proibí-lo é reduzir o crucifixo a outros, declaradamente usados para o mal, como a suástica nazi, por exemplo. - não confundir com a suática jainista (similar na forma, mas diferente)

 

Baseado nesta concepção de liberdade custa-me conceber a atitude do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, apesar de algumas posições anedóticas que a tempos nos vai habituando. A única intolerância que podemos ter é pela violência, pelo terror, pelo totalitarismo, pela fome e outros males que tais. Intolerar um símbolo religioso é intolerar o nosso próximo, logo intolerar a Humanidade. Os ateístas aplaudem a "lei" baseados numa espécie de vingança póstuma aqueles que usaram a religião para violentar inocentes. A estes resta-me dedicar-lhes repúdio e desprezo e lembrá-los citando Joseph Roth que:

 

«Não existe nobreza sem generosidade, assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade»



publicado por Marco Moreira às 10:36
Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

Baseado numa história verídica. Este pequeno clip foi criado pelo governo da República da Macedónia (Ministério da Educação e Ciência). A campanha tinha como alvo promover a educação religiosa. O mote: "Religião também é conhecimento"

 



publicado por Marco Moreira às 14:41
Domingo, 18 de Outubro de 2009

 

«a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana» (...) «A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!» Entrevista de José Saramago à Lusa em 18.10.2009

 

O proselitísmo ateísta de Saramago não é novidade. O seu ateísmo militante resulta da intolerância para com a religião e da defesa de um totalitarismo intelectual. Aquilo que o move é mais que uma ideologia política. De outra forma não se poderia compreender que aquilo que Saramago quer fazer com a sua provocação a um livro sagrado para judeus e cristãos é tão somente um acto de propaganda da face mais negativa do capitalismo desenfreado.

 

Neste caso partícular, indiferente ao paradoxo, o escritor comunista utiliza a forma mais arcaica de propaganda para um fim capitalista. O alvo: a religião. O fim: a venda do seu próximo romance. A polémica acende uma espécie de fogueira de vaidades com que pretende incendiar a opinião pública e incitar os media a falarem do seu "Caim", claramente mais do que este merece.

 

Saramago sabe que as banalidades boçais com que entope os jornais, rádios e TV's são pérolas mediáticas, apesar de estarem ao nível das crises religiosas da adolescência. "A mim não me enganas tu" é o refrão de uma música que a minha avó me costumava cantar e serve que nem uma luva, para uma resposta popular apropriada à "demência" vinda de Lanzarote.

 

Tristes daqueles que o levam a sério, porque o que este faz é puro calculismo financeiro. Como defendo a máxima que aqueles que são (só) imbecis devem ser ignorados, não leio, nem compro... a não ser que seja para fazer aquilo que o João coloca no seu blog "A Geografia das Curvas".



publicado por Marco Moreira às 21:44
Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

 

Mário Mota Marques, 1942-2009

 

Director dos Assuntos Externos da Comunidade Bahá'í de Portugal e seu Porta-voz, esteve permanentemente envolvido em iniciativas de carácter inter-religioso e conquistou a amizade e o respeito de todos. Muito da boa relação existente entre as diversas religiões em Portugal, a ele se deve. Mário Mota Marques batalhava pela igualdade das religiões, fomentava diálogos, punha sempre os outros em primeiro lugar. Todos sentirão a sua falta...



publicado por Marco Moreira às 11:13
Segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

 

O jornalista católico 'irlandês' Bill O'Reilly convida novamente o sumo-sacerdote da Igreja do Ateísmo, o cientista britânico Richard Dawkins, a propósito do lançamento do seu novo livro, já editado em português pela editora CASA DAS LETRAS: "O Espectáculo da Vida".

 

Mais um confronto superficial, mas memorável...

 

 

[ Para ver ou rever o 1.º round, que teve lugar nos estúdios da FOX NEWS a 23 de Abril de de 2007, a propósito daquele que é conhecido como o manual do 'dogma ateísta': "Desilusão de Deus" » clique aqui ]



publicado por Marco Moreira às 22:24
 
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