Hoje, via email, o meu caro Samuel Levy teve a amabilidade de me enviar mais uma extraordinária lição de história. Talvez pouco ou nada conhecida entre nós.
Fez-me saber que em Dezembro de 1941 o navio búlgaro STRUMA, navegando com bandeira panamense, partiu da Roménia levando cerca de 770 refugiados judeus fugindo do nazismo e com destino a terra prometida de Israel. Era um navio apertado, em más condições e só tinha 2 botes salva-vidas.
Após ficar à deriva no mar Negro, acabou por ser rebocado até Istambul, na Turquia, onde aconteciam negociações com o governo britânico para que passassem os vistos de entrada, facto permitido até então somente para crianças.
Como o governo britânico não chegou a um consenso, o governo turco não permitiu o desembarque de passageiros e somente passados 10 dias sem água e comida, permitiu a entrada de 3 judeus da comunidade judaica local para que entregassem mantimentos e 10 mil dólares enviados pelo comité judaico americano.
Apesar de engenheiros turcos terem tentado consertar o barco, ele continuou inoperante e foi simplesmente rebocado e literalmente largado no mar pelas autoridades turcas, lançados à própria sorte, no dia 23 de Fevereiro de 1942, com vários passageiros segurando cartazes escritos em inglês e hebraico com as palavras “salvem-nos”.
No dia 24 de Fevereiro de 1942 o STRUMA foi atacado por torpedos de um submarino soviético, no que foi considerado o maior desastre naval civil da guerra, com repercussão mundial. Somente um jovem chamado David Stoliar sobreviveu. Como se não bastasse a tragédia, David Stoliar de 19 anos foi preso e interrogado pelas autoridades turcas, sendo acusado de entrar na Turquia de forma ilegal e sem visto.
O submarino soviético tinha ordens de atacar embarcações inimigas no Mar Negro e o STRUMA foi confundido com um navio que levava carga para os nazis; na verdade ele levava “carga” humana, judeus refugiados que foram rejeitados pelos britânicos e jogados a própria sorte pelos turcos, sem nenhum sentimento de humanidade ou compaixão. Ainda mais, levando em conta que se voltassem para a Europa, seriam mortos pelos nazis.
Hoje, com o incidente da flotilla, a Turquia quer dar lições humanitárias. Devemos aceitar ?!