Angola, Líbia e Venezuela são os mais recentes alvos daquilo que alguns já apelidaram de "política dos afecto". Eu chamo-lhe "A Política da pequenez" porque penso ser este o substantivo mais adequado à figura vergonhosa do nosso primeiro-ministro, José Sócrates, nas recentes aparições públicas com os líderes destas três nações.
Cartoon de Pedro K. no jornal “Meia Hora” de 25/7/2008
Parece-me óbvio que Portugal tem de se esforçar por ter negócios com os países que lhe proporcionem melhores condições de suportar até ao humanamente possível as subidas dos preços dos combustíveis.
Não quero ser moralista e criticar simplesmente o facto de termos negócios com esta gente – entenda-se: seus líderes. Isso seria pura demagogia. Pura e simplesmente Portugal não se pode dar ao luxo de não ter quaisquer negócios com países cuja democracia é claramente inexistente.
José Eduardo dos Santos faz eleições quando quer e lhe apetece e nos últimos 20 anos tem-lhe apetecido pouco. O “Sr. da Tenda” de sua graça Muammar Kadhafi é um ditador em estado puro e o Sr. Hugo Chavez é um ditadorzinho disfarçado de socialista… quando a nuvem da derrota se aproxima amua, ameaça e trata de ganhar as eleições recorrendo a todos os meios legais e menos legais. Mas de facto “Não é dos piores” como fez questão de salientar Clara Ferreira Alves no último «Eixo do Mal».
Têm todos telhados de vidro e mais do que isso, mas uma vez que não somos polícias do mundo nem temos o dever moral de ser exemplo democrático para ninguém não nos enganemos: precisamos deles. Destes países e do apoio dos seus líderes, bem ou mal eleitos, designados ou auto-proclamados.
O meu problema com Sócrates não é esse. Mas nem por isso lhe confio destreza política nesta solução. Vejo-a como senso comum. É natural que queiramos comprar gasolina mais barata a estes renegados da democracia pois só com a ajuda deles podemos ter uma chance de negócios credíveis e com resultados a curto e médio-prazo.
Mas a forma infantil e enjoativa com que Sócrates brindou os seus novos parceiros de negócios foi absolutamente desmesurada. Os sorrisos de orelha a orelha, o brilhar dos olhos, os fogosos apertos-de-mão, causaram a todos os portugueses com um pingo de auto-estima uma certa azia. Recordo-me de ver o presidente de Angola de certa forma espantado com tamanha boa disposição de Sócrates quando no fundo se ia pura e simplesmente discutir negócios e parcerias. Não se tratava da assinatura de um tratado de paz depois de uma guerra sangrenta. Não se tratava de um qualquer pagamento de dívidas de Angola para com Portugal. “Porque raio está ele tão contente” parecia dizer o olhar intimidado de José Eduardo dos Santos.
Já Kadhafi aproveitou a boleia e abraçou-o uma, duas, três vezes. “Este gosta de mim…” parecia dizer inchado de orgulho e de rosto o “Sr. da Tenda”.
Cháves por sua vez dizia quase emocionado que não compreendia como um país com ligações tão próximas de Portugal esteve tão longe nos negócios durante tanto tempo. Parece que Sócrates até “fazia o frete” de aparecer em mais um poster de campanha d’El Presidente venezuelano, desta feita com autorização do nosso PM.
Parece mentira que alguém tão arrogante possa descer a um nível tão deprimente e que não se aperceba do vexame que causou aos portugueses que ainda são orgulhosos de ser democratas.
Com imagens tão inacreditáveis confesso que poucas foram as frases que me prenderam a atenção em todo este mistifório político, mas recordo de Sócrates ter feito esta magnífica apreciação:
«Venho aqui dar uma palavra de confiança a Angola no trabalho que o Governo angolano tem feito que é, a todos os títulos, notável.»
Onde está o Bob Geldof quando é (realmente) preciso? Sócrates parece rogar por férias, pois o seu discernimento está completamente de rastos!